Olá, Pessoal!
Nesta aula, falaremos de algo muito frequente na análise de ECG em nossa rotina médica e que acaba gerando dúvidas se não utilizarmos os critérios adequados. Seremos objetivos em nossas discussões, abordando o que há de mais relevante no assunto. Nosso intuito aqui é levantar questões que podem ocorrer na prática clinica.
O tema de hoje é: Sobrecarga Atrial Esquerda (SAE).
Então vamos lá…
A primeira dúvida que geralmente temos é:
Como identificar a SAE no Eletrocardiograma?
Quando analisamos um ECG, temos que seguir os critérios estabelecidos, pois eles são fundamentais para que o laudo seja preciso e fidedigno. Os critérios de SAE podem ser classificados conforme exposto abaixo:
– Critérios diretos:
- Onda P de duração aumentada (>120ms no adulto e 90ms na criança);
- Onda P entalhada e bífida em DII, com intervalo entre os ápices >40ms (1mm). Voltagem do segundo módulo maior que do primeiro;
- Eixo da onda P (SÂP) desviado para esquerda: entre +40 e -30°;
- Aumento na profundidade e na duração do componente negativo final da onda P em V1 (índice de Morris);
- Índice de Macruz > 1,7 (relação da duração da onda P e da duração do segmento PR).
– Critério indireto:
- Fibrilação atrial.
Agora que já temos os critérios na ponta da língua, você consegue dizer então qual seria a participação do átrio esquerdo na morfologia da onda P?
É simples! O átrio esquerdo corresponde à segunda porção da onda P. Assim entendemos porque diante de uma sobrecarga atrial esquerda a onda P pode ficar bífida em DII e com a porção negativa em V1 aumentada (Índice de Morris), tendo como consequência o aumento da intensidade do vetor atrial esquerdo.
Bom, já sabemos os critérios de SAE e a participação do átrio esquerdo na morfologia da onda P. Agora temos conhecimento para aprofundarmos um pouco mais, o que acham?
Um desafio grande para todos é determinar a etiologia. E nesse ponto não tem jeito, pessoal: O ECG não é capaz de dar essas informações! É necessária a velha e boa integração de achados clínicos e epidemiológicos, além da correlação com fatores de risco e antecedentes familiares. Confiram algumas causas que sempre devem ser lembradas:
– Causas congênitas: cardiopatias com hiperfluxo pulmonar, estenose mitral congênita, estenose aórtica grave, coartação da aorta;
– Causas adquiridas: valvopatias mitrais (estenose pura; dupla lesão, insuficiência), diminuição da complacência do VE (cardiomiopatias hipertensiva, hipertrófica e restritiva) e disfunção ventricular esquerda (infartos extensos, miocardiopatia dilatada).
Parece muita coisa não? E é mesmo, mas não vamos desanimar, já estamos no fim. Para concluir deixo um pergunta um tanto quanto capciosa:
É possível diagnosticar SAE e SAD (sobrecarga atrial direita) no mesmo ECG?
E a resposta é…….SIM!!! Nesse caso, o diagnóstico correto é sobrecarga biatrial, que ocorre quando há aumento de ambos os átrios, com consequente aumento combinado da amplitude/voltagem (SAD) e da duração da onda P (SAE) na derivação DII
Calma, não se preocupem. Iremos abordar o tema de sobrecarga atrial direita em outra oportunidade.
Valeu, pessoal! Espero que tenham aproveitado esse tema. Até a próxima.
Respostas de 2
Boa tarde Dr Marco
Fiz exame eletro, fala que é sinal sobrecarga atrial esquerdo .
Pode me explicar isso
Obrigado , Marcelo Cássio
Prezado Marcelo,
As orientações sobre alterações nos traçados de eletrocardiogramas de pacientes precisam ser contextualizadas com dados clínicos e antecedentes obtidos em consulta médica.
Por esse motivo sugiro que avalie sua situação com um médico cardiologista em consulta.
Agradecemos a sua participação.